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Literatura do Folclore: O relho mágico - conto

Tinha dois compadres que moravam numa mesma cidade. Um era rico, e o outro muito pobre, pai de muitos filhos. O compadre pobre já não sabia mais o que fazer para tratar dos filhos que estavam com muita fome. Aí ele saiu muito triste para o meio de um pasto. Sentou-se em cima de uma pedra e ficou chorando. De repente, apareceu Nosso Senhor, disfarçado num velhinho, e perguntou para ele:

- O que é que você tem, meu filho? Por que está chorando?

O pobre contou para Nosso Senhor o que estava se passando. Então Nosso Senhor falou para ele:

- Não precisa ficar triste. Leve esta varinha de condão. Ao chegar em sua casa, estenda uma toalha sobre uma mesa e fale: valei-me varinha de condão que Deus me deu, me dê tudo de bom.

O pobre pegou a varinha de condão, agradeceu a Nosso Senhor e foi depressa para casa. Lá em sua casa, estendeu uma toalha sobre a mesa e fez direitinho o que Jesus mandou-o fazer. De repente, em cima da toalha apareceram as comidas mais gostosas. Ele e a sua família comeram até não poder mais. E assim, todos os dias, ele dava boa comida para os filhos.

Um dia, o compadre pobre resolveu convidar o compadre rico para ir almoçar na casa dele. Sobre a toalha apareceu tanta comida boa, coisas que o rico comia só nos dias de festa. Então o rico perguntou para o compadre como foi que ele tinha conseguido aquela varinha tão misteriosa. E o compadre pobre lhe contou tudo como foi.

Quando foi à noite, na hora em que o pobre estava dormindo, o rico foi na casa dele, tirou a varinha de condão e pôs uma varinha comum no lugar dela.

Na hora do almoço, o pobre apanhou a varinha e disse:

- Valei-me, varinha de condão que Deus me deu, me dê tudo de bom.

Mas sobre a toalha não apareceu nada. Aquela varinha era falsa. O pobre então ficou muito triste e saiu novamente para o pasto e foi se sentar sobre aquela pedra, chorando. Nosso Senhor, disfarçado em velhinho, apareceu novamente ao pobre. O pobre contou o que tinha acontecido. E Nosso Senhor lhe disse:

- Não precisa chorar, meu filho. Eu vou dar para você este burrinho. Quando você precisar de dinheiro, é só bater na anca dele e dizer: ponha ouro, meu burrinho.

O pobre foi, contente, para casa, puxando o burrinho pela corda. Chegando em casa, falou para o burrinho:

- Burrinho que Deus me deu, ponha moedas de ouro para eu comprar o que eu preciso.

E depois de dizer isso o chão ficou forrado de tantas moedas. Mas, passado uns dias, o compadre rico ficou sabendo da existência daquele burrinho lá na casa do compadre. Como era muito invejoso, muito ambicioso, foi durante a noite, na casa do pobre, levou um burrinho simples e trocou por aquele que punha moedas de ouro. 

Quando o pobre precisou das moedas, foi até o burrinho, bateu na anca dele e pediu que pusesse moedas de ouro. E nada se viu. Logo o pobre compreendeu que tinha sido logrado, outra vez, pelo compadre rico. Ficou muito triste e saiu novamente pelo pasto, indo se sentar naquela mesma pedra. Sentou e pôs-se a chorar. Nisso apareceu aquele velhinho, que era Nosso Senhor, e o pobre contou o que tinha acontecido. Nosso Senhor, então lhe disse:

- Não precisa chorar, meu filho. Desta vez eu vou lhe dar um relho. Você vai até a casa do seu compadre rico e peça para ele devolver a varinha de condão e o burrinho que põe moedas de ouro. Ele vai dizer que não tem nada disso com ele. Então você peça para o relho bater nele.

O pobre pegou e relho e foi direto para a casa do compadre rico. Chegando lá, falou para o compadre:

- Compadre, eu quero minha varinha de condão e o meu burrinho que põe moedas de ouro.

O rico lhe respondeu:

- Eu não tenho nada disso, nem varinha e nem burrinho.

Então o pobre falou baixinho para o relho:

- Valei-me, meu relho, que Deus me deu, dê uma surra bem dada neste invejoso, neste ladrão sem-vergonha.

E o relho, sozinho, saiu dando lambadas no malandro. Era só: pá, pá, pá, pá. E quando o compadre rico percebeu que ia morrer de tantas relhadas, disse para o pobre:

- Manda este relho parar, compadre, senão eu morro. Eu vou buscar a varinha e o burrinho.

Foi assim que o compadre pobre ficou muito mais rico do que o seu compadre rico.

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